sexta-feira, 30 de julho de 2010

O futuro da internet, por Pierre Levy


Por: Felipe Polydoro / Redação de AMANHÃ

O grande pensador da web prevê um ciberespaço mais “inteligente”, com linguagens e tecnologias que “não conseguimos entender hoje”
Uma platéia de executivos, publicitários, programadores de software e acadêmicos constatou, nesta segunda (24), no V Fórum de Internet Corporativa, por que o filósofo e pensador do ciberespaço Pierre Levy costuma ser qualificado como um otimista incorrigível na análise das novas tecnologias. Destaque do evento promovido pela Agência Gaúcha de Agências de Internet (AGADi), na PUCRS, Levy é um dos principais teóricos da internet no mundo. Já no início dos anos 90, publicava obras hoje obrigatórias para quem estuda de forma mais profunda e consistente o fenômeno do ciberespaço.
Desde os primeiros livros, a acusação contra Levy é a mesma: excesso de otimismo em relação às novas tecnologias. Na opinião dos seus críticos, o teórico sempre exagerou na dose ao prognosticar os benefícios da tecnologia para a sociedade. Ao criar o conceito de inteligência coletiva, Levy viu na rede mundial de computadores um espaço de aceleração da criação de conhecimento, um ambiente em que internautas livres, independentes das grandes corporações e das instituições tradicionais, poderiam produzir conhecimento e tecnologia. "A internet aumenta as nossas capacidades cognitivas, tanto individuais quanto coletivas", disse Levy em uma palestra falada em um "francês fácil", segundo o próprio filósofo.
De certa forma, todas as iniciativas de conteúdo colaborativo materializam o conceito de inteligência coletiva, a começar pelo Wikipedia. Os detratores, no entanto, sempre acusaram Levy de ignorar o fato de que a internet é também um imenso lixão, repleto de informações inúteis e de baixa qualidade (sem mencionar a pornografia).
Na palestra desta segunda, Levy apresentou uma previsão do futuro do ciberespaço. Já no livro "As Tecnologias da Inteligência", de 1990, o filósofo argumentava que a informática representava, para a linguagem humana, uma revolução comparável ao surgimento da escrita. A toada segue a mesma. Levy acredita que caminhamos para uma nova linguagem dentro da rede. "Qual a maior limitação hoje para a inteligência coletiva? São as línguas. Mesmo com os tradutores automáticos, muitas pessoas não conseguem se comunicar na web", disse.
O próprio Levy admite não saber exatamente como será essa nova língua. O que ele consegue dar são pistas. Para o filósofo - prepare-se que a coisa é abstrata -, o caminho é a codificação de ideias. Conceitos e ideias que se disseminam na cultura contemporânea futuramente vão virar códigos manipuláveis por computadores. "Não podemos entender muito bem hoje essas novas linguagens. Nunca tivemos experiência com nada parecido. Mas se você fosse explicar para alguém do século XIX o que seria a internet, essa pessoa também não conseguiria entender".
Levy apressa-se em avisar que as linguagens mencionadas vão muito além daquilo que, na informática, está se chamando de web semântica - novas tecnologias que permitirão às máquinas entender mais precisamente o sentido dos dados e conectá-los melhor. O que, na prática, representará um passo gigantesco na qualidade da navegação e dos serviços oferecidos na rede.
Levy visualiza um ciberespaço em que será possível simular e representar a inteligência coletiva humana tal qual ela se desenvolve na sociedade offline. Quando isso acontecer, a inteligência coletiva online será o grande motor do desenvolvimento humano. Mais do que isso: quando o mundo intelectual humano for transposto para dentro da web, será possível compreender, afinal de contas, como exatamente funciona a difusão de ideias e a construção de conhecimento nas sociedades. Uma coisa Levy dá como certo: nada disso vai começar a aparecer antes de 2015.

sábado, 24 de julho de 2010

Documentário de 2002, McLuhan’s Wake de Kevin McMahon


O título faz uma referência direta ao ilegível “Finnegan’s Wake” (1939) de Joyce (a obra – intraduzível – tem uma excelente tradução no Brasil pelo corajoso Donaldo Schüler). Li (André Lemos) os dois primeiros volumes e meu prazer estava na forma, nos sons, nas descobertas das palavras escritas em várias línguas e cujos sons davam um sentido coerente em todas elas. A obra de Joyce é citada no documentário pelo próprio McLuhan. No entanto, o filme não explora a relação óbvia do título.


Finnegan’s Wake é uma sinfonia literária, uma obra multimídia “avant la lettre”, uma orgia de símbolos e de línguas, representando a cultura moderna e a emergente cultura midiática. A relação é interessante, como se a difícil leitura do texto de Joyce fosse um espelho da própria dificuldade que temos hoje de “ler” a nossa cultura eletrônica, cultura essa, como o texto de Joyce, marcada pelo excesso de símbolos e de linguagens. O choque entre oralidade, escrita, mídias de massa (impresso, TV, rádio), Web e telefonia, que estamos vivendo hoje, seria uma materialização do Finnegan’s Wake. A dificuldade em ler o livro é a mesma que temos hoje para achar uma luz na confusão em que nos encontramos: convergência das mídias, reconfigurações da indústria cultural, colapsos identitários, subjetivos, políticos, culturais da/pela globalização, excesso de imagens, hiperrealidade…Como afirma McLuhan, só conseguimos enxergar o presente e o futuro do nosso ambiente midiático, olhando para as formas comunicacionais do passado, ou seja, se prestarmos atenção a toda essa confusão. A cibercultura seria assim o Finnegan’s Wake em realização, ao mesmo tempo oral, literário, audiovisual, multimídiático, telemático…mítico. Ler Finnegan’s Wake não é uma experiência apenas visual, mas total, “retribalizando o mundo” (McLuhan). Joyce convoca o leitor a entrar em um ambiente (genialmente construído) de sons, imagens, línguas, mitos…

O documentário mostra a emergência e a aceleração dessa nova cultura “neo-tribal” onde o presente e o futuro só se compreendem com os olhos no passado. É preciso um certo desprendimento já que por estarmos tão imersos nesse ambiente não conseguimos mais ver o que está lá fora. Só podemos ler Finnegan’s Wake se mergulharmos na estrutura mítica, se nos privarmos de algumas certezas e busca por soluções lineares, se nos deixarmos levar pela torrente de palavras e letras complicadamente arranjadas. Talvez o mesmo seja exigido para compreendermos a cultura midiática contemporânea: ver o presente sem deixar de sentir o passado, olhar o futuro sem prescrições, ver os índices da cibercultura como uma língua construída de forma complexa. McLuhan foi um dos primeiros a ver o nosso Finnegan’s Wake global.

Autor: André Lemos

terça-feira, 13 de julho de 2010

SEMINÁRIO INTERNACIONAL LINGUAGEM, INTERAÇÃO E APRENDIZAGEM

O Seminário Internacional Linguagem, Interação e Aprendizagem e o VII Seminário Linguagem, Discurso e Ensino têm como objetivo dar visibilidade à pesquisa sobre a linguagem, afirmando sua importância para a constituição do sujeito, para a construção do conhecimento e para a compreensão das complexas interações socioculturais contemporâneas.
As múltiplas atividades que compõem o evento - conferências, mesas-redondas, minicursos e simpósios – constituem espaços privilegiados para a discussão e o aprofundamento de questões relativas ao campo de pesquisa da linguagem, contribuindo para o intercâmbio de conhecimentos.

Data: 14,15 e 16 de setembro de 2010
Local: UniRitter - Campus Porto Alegre
Rua Orfanotrófio, 555 - Alto Teresópolis

Temáticas dos Simpósios:
Serão selecionados trabalhos para compor simpósios, organizados de acordo com as seguintes temáticas:

Literatura e formação de leitores
Coordenação: Prof.a Dr. Regina Zilberman (UFRGS/UniRitter)-regina.zilberman@gmail.com
Prof.a Dr. Maria da Glória Bordini (UFRGS)

Processos de desenvolvimento da leitura e da escrita
Coordenação: Prof.a Dr. Neiva Tebaldi Gomes (UniRitter) - neiva_gomes@uniritter.edu.br

Linguagem e mediações tecnológicas
Coordenação: Prof.a Dr. Leny da Silva Gomes (UniRitter) – lenyg@uniritter.edu.br
Prof. Dr. Carlos Túlio da Silva Medeiros (UFPel) – tulio@tebrs.com

Letramento e educação de jovens e adultos
Coordenação: Prof.a Ms. Maria Luiza de Souza Moreira – marialuiza.moreira2@gmail.com

Linguagem e subjetividade
Coordenação: Prof.a Dr. Vera Pires (UniRitter) – vera.pires@terra.com.br
Prof.a Dr. Noeli Reck Maggi (UniRitter) – nrmaggi@portoweb.com.br

Literatura e processos de produção cultural
Coordenação: Prof.a Dr. Rejane Pivetta de Oliveira (UniRitter)- repivetta@uniriter.edu.br
Prof. Dr. João Cláudio Arendt (UCS) - jcarendt@ucs.br

Relações entre a expressão gráfica verbal e a visual: estrutura e figuras de linguagem
Coordenação: Prof.Dr. Luiz Vidal de Negreiros Gomes - vidalgomes@uniritter.edu.br

Questões cognitivas e culturais de ensino-aprendizagem de LE
Coordenação: Prof.a Dr. Beatriz Fontana (UniRitter) – bfontana2004@yahoo.com

Literatura, memória e oralidade
Coordenação: Prof.a Dr. Regina da Costa da Silveira (UniRitter)- regina.flausina@gmail.com

Variação e mudança linguística
Coordenação: Prof.a Dr. Maria José Blaskovski Vieira (UFPel) - blaskovskivi@yahoo.com.br

Programação
Data: 14 de setembro de 2010 (terça-feira)
13h30min - Credenciamento 14h às 14h30min - Sessão de abertura e atividade cultural 14h30min às 16h - Conferência de abertura
Notas sobre la voz y la transmisión
Prof. Dr. Jorge Larrosa
Universidade de Barcelona/Espanha 16h às 16h30min - Intervalo 16h30min às 18h – Simpósios 19hmin às 20h30min - Mesa 1
Práticas discursivas e ensino
Prof. Dr. Kanavillil Rajagopalan (Unicamp)
Prof. Dr. Adail Sobral (UCPel)
Coordenação: Prof.a Dr. Vera Lúcia Pires (UniRitter) 20h30min às 21h – Intervalo 21h às 22h30min – Simpósios

Data: 15 de setembro de 2010 (quarta-feira) 13h30min às 16h30min
Minicursos e Oficinas:
Minicurso 1 – Pensar la transmisión
Prof. Dr. Jorge Larrosa (Universidade de Barcelona/Espanha)
Minicurso 2 – Linguística crítica: implicações para o ensino de línguas
Prof. Dr. Kanavillil Rajagopalan (Unicamp)
Minicurso 3 – Leitura e desenvolvimento social
Prof. Dr. José Clemente Pozenato (UCS)
Minicurso 4 – Princípios Bakhtinianos
Prof. Dr. Adail Sobral (UCPel)
Oficina 1 – O texto e a gramática na sala de aula
Prof. Ms. Flávio Lunardi (UniRitter)
Oficina 2 – Os novos Referenciais Curriculares e a preparação de material para aulas de Língua Inglesa.
Prof.a Ms. Anelise Burmeister (UniRitter)
16h30min às 18h - Simpósios 19h às 20h30min - Mesa 2
Leitura: perspectivas culturais
Prof. Dr. José Clemente Pozenato (UCS)
Prof.a Dr. Regina Zilberman (UniRitter/UFRGS)
Coordenação: Prof.a Dr. Rejane Pivetta de Oliveira (UniRitter) 20h30min às 21h – Intervalo 21h às 22h30min - Mesa 3
Interfaces do conhecimento
Prof.a Dr. Lucia Santaella (PUC/SP)
Prof.a Dr. Kathrin Rosenfield (UFRGS)

Coordenação: Prof.a Dr. Leny da Silva Gomes (UniRitter)
Data: 16 de setembro de 2010 (quinta-feira) 13h30min às 16h30min – Minicursos e Oficinas (continuação do dia 15) 17h às 18h30min - Simpósios 19h30min às 21h - Conferência de encerramento
As linguagens híbridas das redes digitais: potencialidades e limites
Prof.a Dr. Lucia Santaella PUC/SP

Informações: UniRitter - Campus Porto Alegre
Rua Orfanotrófio, 555 - Alto Teresópolis
www.uniritter.edu.br/eventos/linguagem/

Evento UniRitter

VII Seminário Institucional de Pesquisa ocorrerá nesta quarta-feira, dia 14/07. O evento inicia às 14 horas no Auditório D. O palestrante deste ano será o professor Rodrigo Costa Mattos - Diretor-Presidente da Fapergs.